Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Ode ao Amor Impossível


I
Por muitos anos desconheci essa palavra
Não existia em meu dicionário
Não era formalizada por minha língua
Havendo vontade tudo se dá
Por isso remei sempre contra a maré
Contra os ventos e apesar das tempestades
Afinal sou filha de yabá Senhora do Mar
Escolhi a profissão mais cruel
O ofício mais ingrato
Os caminhos mais tortos
Mas sempre
Sempre, senhores!
Os mais felizes
A dificuldade nunca me conteve,
Ao contrário
 Me impulsionava para o desconhecido!
Me dava ímpetos de galhardia
E tudo assim conquistado era infinitamente doce
Ambrosia dos deuses
Mas
Há algo enfim que não posso disputar
Pelo qual não devo lutar
Posto que a mim não cabe
E a quem poderia caber
Impossível é agora, deixar de cumprir
Sua hercúlea missão
Precisa ele de coragem para tocar o intangível
Deixando me para trás

Impossível!
 Finalmente te alcancei e a ti devo curvar-me
Senhor impiedoso, irmão da Morte e do Tempo, o Impossível.

II

Ah Afrodite! Maldita seja!
Quer substituir Psiquê em seus castigos?
Porque se diverte tanto comigo deusa?
Sabes, deusa, como sou especial,
Sabes que eu sou a personificação das preces dele,
É ele, então, que castigas enfurecida, deusa?
Como fez a Hipólito?
Ah!
Meu querido Hipólito... Cuidado!
 Governa tua carruagem,
pois a deusa trama contra sua vida...
Separo-me de ti agora,
Apesar de ser exatamente do tamanho do seu sonho.
Somos mais do que almas gêmeas,
Mais do que almas nascidas sob o mesmo signo
Somos feitos da mesma matéria!
Do mesmo mar de imensidão, revolto e infinito,
Do mesmo fogo eternamente aceso,
Do mesmo vento furacão.
Sou feita de amor! Como você!
Sou do tamanho do seu sonho!
E tenho asco, nojo, de tudo que é morno,
Até a palavra “morno” me amedronta!
Ah! Quisera eu salvar-te do morno!
E jogar-te em meus lençóis quentes
E banhar-me contigo em chuvas torrenciais e gélidas
Afinal, toda a vez que chover sentirei sede de você,
Toda vez que chover vou olhar pela janela
Na esperança de ver se a chuva doce finalmente te trouxe....

III

Milhões de palavras fazem zumbido em meu ouvido
Queria te dar todas elas
Sonhos me acometem durante a noite
Queria te contar todos eles
Meu sexo arde simplesmente
E queria que apenas a você coubesse acalmá-lo
Quisera te entregar meus desejos,
Toda a minha paixão e intensidade
Todo o meu corpo, saliva e órgãos
Quisera te dar Sophias
E entre teus braços fazer meu ninho
Em teu regaço poder ser frágil
Achei ter encontrado meu porto seguro
Onde poderia atracar
Onde por algumas horas poderia não ser Jasão
Onde pudesse descansar de serpentes marinhas, harpias, leões
Mas foste tirado de mim
Pelos deuses e pelos homens
E pelo Sagrado Sacramento

IV

Quanta crueldade!
É a primeira vez que saio
De um maravilhoso sexo, sexo de unir suor, gozo e lágrimas!
Com tanta tristeza na alma!
Quisera eu posar nua pra ti
Para que reencontrasse o artista dentro de você
Quisera eu levar-te a peças de teatro
Danças de salão
Quisera eu dar-lhe de beber toda arte que tenho
Apenas para não lhe dizer adeus
Adeus
Palavra amarga
Amargando o fim dessa ode
Foram os melhores momentos
Como bem disses
Sou seu melhor presente
Tu também és o meu
Porque te amo
Te direi adeus e sejas feliz!
Sejas feliz! É uma ordem!
Senão será inútil tê-lo deixado
Queria gritar: Fica comigo!
Comigo se completa e se ama
Comigo é lua, mar e infinito
Comigo pode tudo!
Quisera eu gritar: seja bravo! Seja valente!
Lute pela felicidade quente
Profunda, divina do agora!
Lute homem!
Mas não posso, posto que te amo
Tenta então! Tenta com tudo que tens
Avante!
Rogo que seja feliz!
Amor à primeira vista, amor altruísta, amor sem igual
Cruel és, enfim! Amor!
De nada vale, se deixo ir com o vento a coisa amada
Adeus...
E no vento planto palavras que se esvaecem...
Adeus...
E para o luar choro derradeiras lágrimas que ninguém ouve
Adeus...
Parou na minha esquina... sonho doce tivesse desistido de partir...
Adeus...
Seguiu em frente sem olhar pra trás como devia mesmo ser
Adeus amor
Adeus artista
Adeus poeta
Adeus vinho doce e gozos ardentes
Adeus.






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