Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Eu não quero ser um rinoceronte

Ai eu
Eu empedrada, asfaltada, a pele se tornando cinza pétreo, chumbo
Sob as luzes verdes dos canhões
Eu crescida e acrescida do pretérito imperfeito do verbo
Eu não mais menina mas sem vir a ser nada

Ai eu não
Não mais esposa, não nunca mãe, não artista
Não vitrine, não fetiche do produto, não consumo
Arte, morte, traição no jardim da própria arte, quero o forte, o mais do que simbólico o que ultrapassa a tecnica
Gritos, cantos desafinos desentoados, urros, sussurros, bramidos
Mugidos de vaca esteril, vitima traida, assassina de si mesma
Torturante, torturado todo o dia
Normal
Normal
Normal
Ai eu não quero
Não quero celular, sapatos, bolsas, maquiagem, carreira, não comprar ou vender minha alma a alma de ninguem
Não quero engolir angustia mastigada com concreto, chocolate derretido, batida em clara em neve
A pele estica, infla, elefantiza quando digere angústia com gordura trans
Menos mulher, mais bicho
Ninguem vai olhar pra mim, ninguem vai me querer, nem como bocho, nem como objeto
Quero ser mais do que a mediocridade do romantismo, sensualismo, sexualismo

Faço pequenas maldades, escondido
Sorrio da dor do outro
Mas me pisoteiam todo o dia, arrancando meus ossos pela raiz, atravez da pele, perfurando a alma
Quero pisotear um pouquinho em quem debanda sobre mim
Eu não quero ser um
Unu
Única, nenhum, sombra, sem passado, presente ou futuro... eu naoq uero esquecer
Não quero esquecer que sou muitos, muitas todas, sou as tradições, os cultos e as religioes, sou o sexo e o suor de gerações.. eu não quero esquecer
Sou muitas
Eu não quero ser um rinoceronte
Eu não quero ser um rinoceronte nem vitima, nem algoz
Eu não quero ser rinoceronte

 

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