Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014


Que saudades que me deu
Da aurora de minha vida
Casimiro de Abreu seu romancista!
Saudades do tempo em que saber e conhecer eram a mesma coisa
Que estudar uma tarde toda,
 os números e as equações
Resolviam qualquer problema
Que no fim do dia
Depois de entender as oito aulas
De biologia, física, matemática, botânica,
Literatura, gramática, química molecular e química orgânica
Eu sabia que sabia tudo que se havia pra saber
Me sentia inteligente e realizada
E a vida era simples
E eu ouvia rock pra dormir sob os protestos da mãe zelosa
E do irmão sonolento
E o dia seguinte era recheado de certezas
A certeza do acordar, do ir pro colégio
Do namorico leve no intervalo
Do jogo de basquete, da aula de teatro
Saudades das dores reais, sérias, profundas
Da adolescência sentimental, recheada de poemas fáceis
Porque hoje a certeza não existe
Hoje me sinto burra
 E não passa lendo um livro ou resolvendo uma equação difícil
Porque hoje nem sei em que musica ouvir meus anseios antes de dormir
Não posso simplesmente ir às provas
E sair com média de oitenta por cento
No mínimo, oito eu tirava em matemática, o resto era nota máxima
Mas que ignorância tenho nas disciplinas da vida!
Que dores mais sérias me chegaram hoje!
Dores inegociáveis!
Quantas dúvidas não se têm durante a noite
 E que fazem medo antes do dia começar!
Lembro-me de poemas escritos
 Na ânsia da revolução interna, das paixões jovens e ingênuas
Contra a sala de aula que me apertava, contra o sufocamento.
Até partes das falanges dos dedos
Eu daria hoje!
Por um enclausuramento protetor
Por salas de aula, professores, disciplinas
Fáceis de acompanhar
Porque os mestres da vida... Eu não entendo...
A pessoa que esbarra em mim em cada esquina
Só faz me machucar
E eu não sei como me proteger
Porque as dúvidas de cada manhã
Não são resolvidas nos grossos livros
Menos ainda na internet
Ah que saudades que tenho da aurora de minha vida
De meus romancistas, simbolistas e até parnasianistas queridos
Da sensação de liderar o mundo
E não de estar a mercê dele.
Quanto mais a gente envelhece
De mais proteção a gente precisa
Afinal adolescente eu não temia
Nem a dor, nem a bagunça, nem as dúvidas, nem a solidão


E adulta estes monstros embaixo da cama não me deixam dormir.

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