A atriz

Vivida, brilhante, como uma fada esvoaçante,

A criança

Leve, liberta, alegre como os jasmins a abrir em flor

A professora

Otimista, astuta, atenciosa, fonte fresca para os sagazes aprendizes

A mulher

Ah! A mulher! Atraente deusa bacante leoa

O monstro

Enclausurando, nas correias do engodo, da mentira, da manipulação

Forjando ferro em brasa para a tortura atroz

Salivando a cada lágrima que rola na face de suas vítimas

A atriz

Desmorona, entoa cânticos de lamento, empresta às personagens sua tragédia

A professora

Sofre intelectualmente esmagada nos porões do DOPS

Onde estão os olhos vívidos das crianças?

A criança chora abandono!

Gritos! Gritos de fome, frio e solidão

Cadê minha mãe?

A mulher

Murcha como uma orquídea delicada esquecida sob o sertanejo sol

Bruxa verde do oeste ri, afia as unhas

Monstro!

Algoz!

Fera!

Onde está?

Olho no espelho

Ali está sob a pele alva do cordeiro

Liberta-me anima!