Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Corpo Ruindo – Paula Garcia
Em homenagem

Os versos pausam com os silêncios

Ruindo, ruído, ruir,
Desmoronar
 O primeiro impacto é do som
Estridente arremessado
Contra
O osso esterno
Existe o som que ela quer
Produzir
Mas os acidentais
A tornam mais viva
X
Ela é linda
O trabalho sem razão
A quarta parede
O quase completo esgotamento
É tudo tão sujo e tão lindo
Mas esmagador
Estridente beleza invade
O espectador
Mesmo com a quarta parede muito
Bem estabelecida
Uma belíssima figura em
Um ambiente hostil
Parece ela ser emoldurada
Pelos pedaços de ferro
Sujos e agressivos
O quadro me remete a opressão da produtividade
Capitalista
Ao trabalhador braçal sem
Horizontes, nem objetivos, nem permissões, sem
Permissão para criar
Sonhar, descansar ou
Se proteger
De repente tudo me causa
Desconforto e agressividade
Sinto-me invadida
Oprimida
Há pregos no chão
Estou torcendo para que ela
Os pegue em punhados
E os atire contra
As paredes, contra o teto
Quem sabe contra a quarta parede
Minha respiração se torna
Terrivelmente difícil
Me remeto a Chaplin
Linhas de produção
Revolução industrial
Um barulho histórico
Ensurdecedor
Começo a sentir o que nunca
Vivi, transgrido
Minha opressão e ansiedade
Sinto raiva, uma
Raiva histórica, fremente
Meu cenho esta franzido.
X
As costas doem os braços pernas dedos tudo
Quer descansar, mas
Fantasmas não me permitem
Sem refúgio ou proteção
Esmagada
A bela figura
E eu e nós
Será que ela sente raiva?
Eu sinto
Será que a raiva ajuda
No cansaço físico ou
Mental?
Auxilia a sobrevivência do ser como num ataque animal ou numa disputa intuitiva por abrigo? a raiva é instinto corporal para a sobrevivência sobre os escombros
De ferro?
Ser uma mulher é muito significativo pra mim pois há uma força bruta constante e persistente sem rompantes ou explosões, há objetos fora do limite da quarta parede, e ainda espero a  chuva de pregos, será que no fim do dia ela se lembra de tudo o que pensou? Ela pensou? Ela criou lógicas, sensações artísticas sobre seu trabalho incessante e sem objetivos? Ela não tem protetores auriculares
X
Escrevo no ritmo
Que ela constrói ou se
 Movimenta
Esfriamos?
Havia uma lógica
Que se esvaiu?
Você sonha
Com isso a noite
Dama de ferro?
Tem mulheres do meu lado
Mexendo no celular,
O barulho invade como
Agressão, ao trabalho,
Não a arte
Será que deveríamos
 Solenizar o trabalho
Braçal do indivíduo tanto
 Quanto solenizamos
A arte? Ela tirou
As luvas
Me preocupo
Não faz isso
Dama de ferro
Ela
(A partir de agora ela está em silêncio, portanto meus devaneios estão minguando vagarosamente, não obedeço mais o barulho ouvido, mas o causado internamente)
...
...Toma água...
...Lava mãos...
...E rosto...
...E quase...
 ...Me lembro...
...De uma canção...
...Do Chico...
...Mas não lembrei...
...Algo sobre... pão e tijolos...
...Me lembro de uma...
...cena com essa canção...
...mas não me lembro da canção...
... “ O patrão nosso de cada dia, dia após dia”...
...esse refrão ecoa na mente...
...enquanto a vejo comendo uma maçã...
...mas não era esta a canção da qual quase me lembrei...
...e ela agora inerte... o refrão se torna mais alto...
... e tenho que registrá-lo...
...depois de longos minutos no descanso dela...
...meu coração acelera e tenho vontade de que ela recomece...
... o descanso dela me insulta...sou o patrão?...
Shhhhhhhh
...a sala ao lado não respeita o descanso dela...
...nem a impaciência da minha espera...
...queria muito que ela recomeçasse...

...vou embora frustrada...   .

domingo, 17 de maio de 2015

CIVILIZADA

Ouvir e ver uma mulher vestida de branco
Falando comigo por uma tela imensa, de alta resolução
Voz metálica, expressão passiva, pausada
Foi futurístico e imensamente perturbador
Senti me colonizada
Agressivamente civilizada
Até atordoada
Mas a sensação de colonização piora
Quando se entra em contato com os cristais e madeiras
 Meticulosamente arrancados da terra bruta
Da natureza
E colonizados também a meu inútil serviço
Depois de imitar sincronizadamente os movimentos da mulher de branco
Deitar foi tranquilizador, de uma maneira
Brutal, como se me dopassem,
A todo momento permiti, me permiti
Séculos depois, depois de um cochilo gélido,
Pois não tinha sapatos, nem blusa, e a madeira e o cristal eram muito, muito frios
Uma operária com um sorriso normativo desperta-me
Sinto-me bem, incapaz de raciocinar
Vou então para um passeio tranquilo e atemporal
Operário normativo guia meu passeio
É bom, pacificador, sinto-me imensa,
E sinto que este é o tempo certo
O tempo adequado das coisas
Sinto que tudo devia durar dessa maneira
E que fora dali sou acelerada de uma maneira anormal e doentia
Vou me sentar
E então sinto me torturada
Sento me numa cadeira do DOPS
A parede branca na minha frente me faz adoecer
Chorar, e finalmente, adormecer
A parede ou a sensação de tortura?
Não me movo,
mãos, pés, coluna, joelhos
Tudo está onde deve estar
Sou uma boa menina
Adormeço e volto, na mesma posição
Novo sorriso normativo operário
Estou de novo dopada
E agora entro no jogo completamente
Parada em frente aos três cristais
Viro uma espécie de hippie alienada
Sinto me realmente energizada, feliz, saudável
Sorriso normativo
Ahhhhhhhh!
É assim que as pessoas são colonizadas?

Tenho até medo de uma parte do meu cérebro ter ficado por lá!
Intromissão

Desculpe a intromissão. Mas da mesma maneira que varro o meu quintal e devolvo as folhas da árvore do meu vizinho, tive a necessidade de “devolver” estas palavras que caíram depois da ventania para você. Desde já peço perdão pelo transtorno artístico-poético talvez dramático demais. 

Sou fértil para palavras
Entenda-se, quaisquer palavras
Tipo erva daninha
Não necessariamente belas
Alastradas pela pele
Elas brotam violentas
Violáceas
Como as manchas roxas que tenho na alma
Tipo sangue pisado

Tão difícil ser assim tão crente num mundo ateu

Crente na relação
Crente no contato real com outro individuo
Que é também um mundo de complexidades
E maravilhas em si só
Mas os indivíduos cada vez mais se internalizam
Buscam o outro apenas por necessidades pessoais
Egóicas, fisiológicas as vezes,
Um único outro não é capaz de suprir todos os buracos
Então buscam-se mais e mais pessoas
Todas passam como produtos numa esteira
E o indivíduo busca lucrar com cada contato
Lucra-se momentos bons aqui
Jantares ali, filmes acolá,
Admiradoras vazias, olhares insaciáveis
Tudo muito bom para narciso
Mas, e o contato verdadeiro?

Cada pessoa é um mundo tão grandioso, cheio de imperfeições
Mas em perfeita beleza harmônica com sua constituição histórica
Cheio de relatos, traumas, vivências, fotos em preto e branco na memória
Cheio de flores, lágrimas, sorrisos, dores
Mundos tão enormes em uma única pessoa
Mundos com sua atmosfera
Como é possível ligar-se há tantos mundos desconhecidos ao mesmo tempo?
Como é possível aproveitar cada encontro,
Compartilhar cada detalhe, se há muitos mundos passando?
Então viramos produtos na esteira da coca cola
Passa um, dois, três mil
Importa pouco a ligação
Não se aproveita a ausência

Estar em conexão também traz a necessidade de se aproveitar a ausência física
E aproveitar-se a presença sutil da lembrança
Do cheiro, das ideias, dos anseios
Estar de verdade em conexão com o grande mundo que é uma outra pessoa
É ser e estar de verdade
Principalmente na ausência, descobrindo e desbravando possibilidades
Do outro e suas
É tão difícil ser tudo isso em uma única conexão
Perdoe-me a descrença
Em que seja possível em mais de uma de cada vez.
E digo comprovadamente, de quem já teve muito amor e muita paixão para distribuir
Não é possível tamanha entrega com mais de um imenso indivíduo de uma única vez

É possível distribuir amor caso tenha muito
Distribuir sexo
Alimentar-se do amor e do sexo de quem doa
Mas não conectar-se em equilíbrio
Duradouro, investigativo, instigante
Não é possível entregar-se...
Há nas duas possibilidades muita beleza
Mas já trilhei um dos caminhos
Pretendo agora o mais difícil.
Como diria o poeta
Pretendo agora cultivar tanto a jardinagem de um único mundo
A ponto de me apaixonar todo o dia pela mesma pessoa
E conquista-la todo o dia mais uma vez.

Ontem tinha esperança nisso
Hoje já não creio tanto
Quando escrevi a palavra tanto
Senti que acreditava de novo
E no O do de novo já não acreditava mais
No instante já da Clarice
Acredito e não, acredito e não acredito e não acredito e acredito de novo
No instante já da Clarice estão lembranças de olhares
Sob o muro de casa enquanto a língua gritava Clarice
Que me fizeram acreditar
E depois me machucaram
E de novo não acreditava mais
Mas mais um instante já se passou e agora choro
E rio e levanto-me
E escrevo

Que gostaria de ser poderosa ao ponto de me fechar
De não querer ou precisar de mais ninguém, nunca
Acredito agora na capacidade de ter uma criança
Sozinha
Tenho o poder quase metafisico de faze-lo
Deusa da vida, tenho útero, seios
Gero e alimento e crio
Menos dolorido pensar em ter um filho
Do que pensar nas simples experiências que planejei viver nas próximas semanas
Que no instante já passado quando eu acreditava
Em Eros
Eram experiências em dupla
Agora são compromissos comigo mesma

E é tão triste
Comparar o passado
Quando eu distribuía amor, paixão e sexo
E era igualmente sozinha
E agora sozinha
Almejo uma única conexão real e entregue
Não na saúde e na doença na alegria e na tristeza todos os dias da minha vida até que a morte
Me reconduza ao pó de onde sai
Mas na presença e na ausência de verdade eterno enquanto dure de verdade
Cito Vinicius!
O mundo não sabe mais o que é de verdade
Mas eu quero ser forte para me recusar ao caminho fácil de novo
Cansei da esteira
Quero a arte da jardinagem.


sexta-feira, 1 de maio de 2015



Você é meu futuro ex marido

Chega!
Pode ser um medo extremista
Fraqueza, loucura
Mas a questão é a fera que me devora a carne
E que você não sabe frear

Me senti culpada, louca,
E já me gritaram - louca! 
No ápice da minha sanidade
Mas não sou culpada
Da queda que me lanças
Da ponta do precipício

Dessa vez não
E antes que me esfacele no chão
Partindo me em mil pedaços
Injuntáveis, incoláveis, 
Feito via láctea de porcelana
Me retiro

O mau humor dança
Escorre viscoso do esôfago para a boca do estômago
Ja conheço o gosto
A angústia empurra cada célula da epiderme
De dentro pra fora
Como se a qualquer momento pudesse me explodir

A diferença é que sei que posso acabar com isso agora
Sozinha

O tempo de pedir socorro,
Pedir para que alguém me estendesse a mão,
O olhar, a atenção,
O tempo de gritar:
Acende a luz pra mim!
Tenho medo do escuro!

Ja passou...

Levantar-me-ei elegantemente
Irei ate o interruptor
Com o dedo indicador em riste
E pronto!

Acendo a lua no céu de breu

Melhor enxergar o caminho sozinha
Do que tatear no escuro
Cheio de vozes sem rosto
E presenças irreais
Fantasmagóricas

Triste?
Talvez

Muito

Mas vou confiar em mim nessa

quarta-feira, 29 de abril de 2015




Existe distância segura do precipício?



Pé ante pé cheguei ate a beiradinha
Achei que ia ajoelhar, me prostrar 
e ir ate lá como uma cadela com os joelhos no tempo. 
Mas cheguei até na ponta dos pés 
Feito bailarina, braços ao alto, respiração alta 
Vislumbro aqui o oceano de nuvens. 
O vento brutal bagunça os cabelos 
E o aroma da eternidade 
Da queda, invade os pulmões 

Meta 
Tarso 
Na 
Beirada 
Calcanhar busca o céu 
Se afasta ferozmente do solo seguro. 
Seguro? 
Por um momento penso que a terra pode desabar. 
Não! 
Estou a beira do precipício e canto. 
Cada batida do coração me impele 
Tum, pra frente 
Tum, mais um pouquinho 
Tum, quero flutuar! 
Sussura mansinho minha alma. 
Só dez dedinhos me equilibram 
Quero escorregar pra frente 
Mas estátua marmórea cristalizada 
feito beleza eterna 
não movo nem um centímetro 

O vento canta: 
"Vem passear comigo?" 
Sussurra: 
"Sorria com os olhos! Brilha na queda longa!" 
Ignoro fortemente, apertando os olhos, cerrando os lábios, 
Os calcanhares eu empurro contra o solo 
Os dedos dos pés não aguentam mais 
As nuvens dançam num balé orgiástico 
O vento forte, viril, mas manso 
Emaranha as palavras nos meus cabelos: 
"Você sabe que tem asas 
Pa sssssa ri nho ..." 
Com as forças da panturrilha, o gracioso encaixe do quadril, 
a veemência de todas as vértebras da coluna, 
os cabelos são empurrados contra a gravidade e abro os braços. 
Metatarso quase se desprende do chão arenoso. 

Quase.. 
Resisto. 
Tremo. 
Fraquejo. 
Para, Vento, de me balançar! 
Por favor! 
Suplico 
Fecho de novo os olhos 
Não quero ver o convite lancinante das nuvens.. 
Respiração ofega 
Ainda não olhei lá pra baixo. 
Fico 
Na ponta 
Dos pés 
Suspensão. 
Existe 
Distância 
Segura 
Do precipício?
Perfume

Levemente adocicado
Provocante na pontinha avermelhada da língua
Acre como um tempero cravelado ou de canela
Incenso oriental
Fragrância aveludada de elegância


que feito óleo escorrega pelos lábios
Um pouco picante na ponta dos dedos e na sola dos pés
Refrescante porém como espuma salgada das ondas
E quando se mistura...
Aroma de fogos de artificio
De chuva de prata descendo pelo céu entre estrelas ...



... Nao é bem isso...

Mas como explicar o agridoce
aroma dos feromônios a flor da pele
que excitam cada célula do instinto?

quarta-feira, 22 de abril de 2015



Em templo sagrado


Estou do tamanho do Oficina!
Estou massacrada, soterrada pelo Oficina!
Virei bicho no Oficina
Onça, macaco, lobo, verme
Batendo no chão cor de carne do Oficina
Estou suja da terra sagrada
Do Oficina, misturada ao suor do meu Bará
Corpo sagrado, 
aqui se faz o sentido para os anaimais
Valeré, Ana, Artaud, 
Delicia de começar
De novo, no chão do Oficina
Há de se escolher todo o dia invaginar,
Atuar sem ação, 
Ser o artista que nada sabe sobre o ofício,
No Oficina hoje nasci atriz de novo

Morri
Estou suja, dolorida, gostosa e linda, me devoraria
Fora de mim, morderia minhas carnes temperadas
Com esse sal e doce suor das palavras dos não atores a meu lado
Morderia, devoraria Ana, Zé, Joana, Silvia

Morder!
Gozar!
Uma mão agarrada firmemente a copa da árvore do Oficina
A outra roçando nos vestidos pendurados do Oficina
Um pé na terra sagrada
E o outro na madeira viva
Meu útero vibrando com as palavras
Gozei e chorei com nada
Sendo o todo, e estando no tudo

Arranhei a pele pra ver se a poesia escapava.


Quanta curiosidade


Não ceda a curiosidade
Aviso importante
Mas o que se faz com as perguntas já formuladas?
Será que se não forem ditas
morrem na ponta da língua sem causar danos?
Quem você era antes de mim?
Quando seus olhos pousaram nos meus o que lhe aconteceu?
Será que foi a mesma sensação fresca que acalentou meu pensamento?
Com quem você caminhava?
Por quais caminhos passava?
Você tem saudades?
Frustrações? Medos? 
Questões que lhe tiram o sono quando repousa nos lençóis?
Você tem coragem?
Tem coragem de se apaixonar pela mesma mulher todo o dia?
O que significa o que estamos fazendo? Falando? Vivendo?
Porque que foi tão arrebatador?
E a mais importante, curiosa e perigosa de todas as duvidas
E a mais impossível de ser respondida

Você vai me machucar?

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Vivas  Vivas Vivas
(são 3 palavras)

Ah...suspiros!
Suspiros de desejo...
Suspiros de tesão...
Suspiros de amor...
Suspiros de saudades.

Tenho saudades da temperatura da sua pele na minha língua
Saudades do brilho dos teus olhos quando beija minha boca
Saudades de estremecer entre suas pernas e dormir no seu abraço
Tenho saudades de você garoto que não conheço

Respiração que não ouço
Voz que desconheço
Como sentir tanto a ausência tua?
Seu corpo nunca esteve em minha presença

Sua alma respira em consonância do meu espírito
Magoados, machucados, escorrendo sangue pelos poros abertos
Feridas postas, veias abertas, sonhos apodrecidos, inocência depredada, ingenuidade estuprada
Em meio ao caos senti o desejo reconhecido dos poetas

Quero dizer namorada, pois estou enamorada
Apesar de toda paixão ser Narciso
Ainda assim, não sabia que um reflexo poderia ser tão agradável
Jovial, enigmático e enternecedor
Desejo ardentemente me encontrar no seu abraço
Me maquiar no seu desejo
Me amar no seu gozo
Desejo você, sem não te conhecer, mas
Amando tudo que me lembraste ser eu!

Tenho a capacidade dos enamorados!
Tenho o poder adocicado do desejo bacante!
Tenho o aroma das sacerdotisas!
Tenho o inebriante sabor do vinho dionisíaco!

A Baco! Á Bará!
Vivas!
A Bacante voltou!

segunda-feira, 30 de março de 2015


Vazia
Eternamente abandonada por aquilo que me cativou
Que cativou em cativeiro ornamentado por tanto tempo sob jubilosos jazidos de concreto e de cimento
Assonâncias e aliterações serpenteiam na mente entristecida de gozo seco
Gozo quando seca cheira agua sanitária de puteiro com suor dejetos sangue saliva sentimentos escoando pelo meio fio
Meio onde morre a estrela a luz que cintilava em devaneio que acreditava esperançava
Que bailava entre sonhos de educar atuar sob palco da alma sedenta de quem não tem nenhuma luz sob o alqueire
Temperos gozosos improdutivos do não pensar esquecer de palavras sem sentido
Esqueci me hoje o nome do tempero com o qual infecto a salada verde
Bipolaridade ansiedade de dramaturgia não premiada infantoabsurdo do ridículo lírico cotidiano de todo o dia
Cala me este devaneio bufônico dramático sarcástico enfadonho sem qualidade literária medíocre porco irritantemente artaudiano
Crueldade no teatro para tirar a cruel idade da existência mimica da vida fantoche sem barbantes que anseia
Ridiculamente o manipulador Criador ou Eros ou Tânatos ou ambos

Cala-te
As palavras descativas vomitadas sem sentido esperneiam
Gospe num ranço imundo todas as frustrações
Anti-estéticas

Cala-te
Dorme em pesadelo
Ri sem comédia, declama sem drama nem tragédia
Por fim

Cala-te
Teu barulho é ensurdecedor no quarto

Vazio