Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

domingo, 17 de maio de 2015

CIVILIZADA

Ouvir e ver uma mulher vestida de branco
Falando comigo por uma tela imensa, de alta resolução
Voz metálica, expressão passiva, pausada
Foi futurístico e imensamente perturbador
Senti me colonizada
Agressivamente civilizada
Até atordoada
Mas a sensação de colonização piora
Quando se entra em contato com os cristais e madeiras
 Meticulosamente arrancados da terra bruta
Da natureza
E colonizados também a meu inútil serviço
Depois de imitar sincronizadamente os movimentos da mulher de branco
Deitar foi tranquilizador, de uma maneira
Brutal, como se me dopassem,
A todo momento permiti, me permiti
Séculos depois, depois de um cochilo gélido,
Pois não tinha sapatos, nem blusa, e a madeira e o cristal eram muito, muito frios
Uma operária com um sorriso normativo desperta-me
Sinto-me bem, incapaz de raciocinar
Vou então para um passeio tranquilo e atemporal
Operário normativo guia meu passeio
É bom, pacificador, sinto-me imensa,
E sinto que este é o tempo certo
O tempo adequado das coisas
Sinto que tudo devia durar dessa maneira
E que fora dali sou acelerada de uma maneira anormal e doentia
Vou me sentar
E então sinto me torturada
Sento me numa cadeira do DOPS
A parede branca na minha frente me faz adoecer
Chorar, e finalmente, adormecer
A parede ou a sensação de tortura?
Não me movo,
mãos, pés, coluna, joelhos
Tudo está onde deve estar
Sou uma boa menina
Adormeço e volto, na mesma posição
Novo sorriso normativo operário
Estou de novo dopada
E agora entro no jogo completamente
Parada em frente aos três cristais
Viro uma espécie de hippie alienada
Sinto me realmente energizada, feliz, saudável
Sorriso normativo
Ahhhhhhhh!
É assim que as pessoas são colonizadas?

Tenho até medo de uma parte do meu cérebro ter ficado por lá!

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