Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

quarta-feira, 22 de abril de 2015



Em templo sagrado


Estou do tamanho do Oficina!
Estou massacrada, soterrada pelo Oficina!
Virei bicho no Oficina
Onça, macaco, lobo, verme
Batendo no chão cor de carne do Oficina
Estou suja da terra sagrada
Do Oficina, misturada ao suor do meu Bará
Corpo sagrado, 
aqui se faz o sentido para os anaimais
Valeré, Ana, Artaud, 
Delicia de começar
De novo, no chão do Oficina
Há de se escolher todo o dia invaginar,
Atuar sem ação, 
Ser o artista que nada sabe sobre o ofício,
No Oficina hoje nasci atriz de novo

Morri
Estou suja, dolorida, gostosa e linda, me devoraria
Fora de mim, morderia minhas carnes temperadas
Com esse sal e doce suor das palavras dos não atores a meu lado
Morderia, devoraria Ana, Zé, Joana, Silvia

Morder!
Gozar!
Uma mão agarrada firmemente a copa da árvore do Oficina
A outra roçando nos vestidos pendurados do Oficina
Um pé na terra sagrada
E o outro na madeira viva
Meu útero vibrando com as palavras
Gozei e chorei com nada
Sendo o todo, e estando no tudo

Arranhei a pele pra ver se a poesia escapava.

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