Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

quarta-feira, 29 de abril de 2015




Existe distância segura do precipício?



Pé ante pé cheguei ate a beiradinha
Achei que ia ajoelhar, me prostrar 
e ir ate lá como uma cadela com os joelhos no tempo. 
Mas cheguei até na ponta dos pés 
Feito bailarina, braços ao alto, respiração alta 
Vislumbro aqui o oceano de nuvens. 
O vento brutal bagunça os cabelos 
E o aroma da eternidade 
Da queda, invade os pulmões 

Meta 
Tarso 
Na 
Beirada 
Calcanhar busca o céu 
Se afasta ferozmente do solo seguro. 
Seguro? 
Por um momento penso que a terra pode desabar. 
Não! 
Estou a beira do precipício e canto. 
Cada batida do coração me impele 
Tum, pra frente 
Tum, mais um pouquinho 
Tum, quero flutuar! 
Sussura mansinho minha alma. 
Só dez dedinhos me equilibram 
Quero escorregar pra frente 
Mas estátua marmórea cristalizada 
feito beleza eterna 
não movo nem um centímetro 

O vento canta: 
"Vem passear comigo?" 
Sussurra: 
"Sorria com os olhos! Brilha na queda longa!" 
Ignoro fortemente, apertando os olhos, cerrando os lábios, 
Os calcanhares eu empurro contra o solo 
Os dedos dos pés não aguentam mais 
As nuvens dançam num balé orgiástico 
O vento forte, viril, mas manso 
Emaranha as palavras nos meus cabelos: 
"Você sabe que tem asas 
Pa sssssa ri nho ..." 
Com as forças da panturrilha, o gracioso encaixe do quadril, 
a veemência de todas as vértebras da coluna, 
os cabelos são empurrados contra a gravidade e abro os braços. 
Metatarso quase se desprende do chão arenoso. 

Quase.. 
Resisto. 
Tremo. 
Fraquejo. 
Para, Vento, de me balançar! 
Por favor! 
Suplico 
Fecho de novo os olhos 
Não quero ver o convite lancinante das nuvens.. 
Respiração ofega 
Ainda não olhei lá pra baixo. 
Fico 
Na ponta 
Dos pés 
Suspensão. 
Existe 
Distância 
Segura 
Do precipício?

Nenhum comentário:

Postar um comentário