Todas as palavras já foram escritas
Os amores esquecidos
O aroma do frescor se dissipou
A fé se esvaiu
A esperança envelheceu
E os sonhos caducaram como promissórias amareladas
no fundo da gaveta cheirando a naftalina
O gosto de sangue na boca
Da última mordida na veia da poesia
Agonizo como Odette emplumada
À beira de um lago seco
Mas a traição que me matou não foi ingênua
Todo amor trai
Porque todo o amor é ilusão
e medo
e fraqueza
Amor é amor a nada...
A poesia soca me o estômago vazio
Que não é capaz de regurgitar nada
Visita-me Augusto
Anjos, sobrevoa as intenções da palavra
Sem, contudo,
me dar a capacidade vocabular de seu espírito profano.
Melancolia de Clarice
Dureza rústica e irônica machadiana
Ilustres mestres.
Muito distante de mim
Sobra mesmo somente a inspiração muda
Cuspindo areia da garganta seca
Com o cheiro ferroso e pútrido
Da morte no hálito
De ambas as bocas raivosas do corpo feminal.
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