O paraíso
Deve ser uma manhã de domingo
Dessas que a gente acorda com a luminosidade do sol na
janela
Espreguiça lentamente debaixo das cobertas
E ouve a mãe da gente mexendo na cozinha
O frio da noite anterior deu lugar a um frescor indizível
Sinto-me como uma pétala branca salpicada pelo orvalho da
manhã
A pele está quente da cama
Mas os pulmões já receberam o ar revigorante.
Dá vontade de chorar de alegria
Como uma criança avisando ao mundo que despertou.
Sento me na cama, apoiando meus cotovelos na lateral do
corpo
subindo preguiçosamente com a cabeça em direção ao céu.
Sinto meus pés no chão.
Apoio meu peso na pontinha dos pés
Me levanto emendando um espreguiçar com os braços pra cima
e um ganido de filhote.
A mãe ouviu o movimento e já cantarola...
...bom diaaaa.
Abro a janela.
Caminho vagarosamente pela casa.
O cheiro do café invade o corredor.
O cachorro vem me dar bom dia com olhos ternos.
Balança o rabo e lambe minhas orelhas
Acaricio as dele em gratidão.
Coloco uma blusa e me sento à mesa.
A manhã de domingo invade com cheiro de mato as portas e
janelas da casa...
O sol torna tudo alaranjado
Mas a brisa ainda é fria e os pés não gostam.
Coloco um par de meias
mamãe me serve de uma caneca de café forte e bem quente.
Abraço a caneca com as mãos,
olhando pela janela o sol nas árvores e flores
e nos pelos brilhantes do cachorro deitado na varanda.
Sorrio
Abençoo o aroma das ervas do cigarro de minha mãe
E os passos do meu pai atarefados no quintal.
Logo ele romperá pela porta barulhento
Brincalhão, aos berros sobre qualquer novidade da rua.
O paraíso é uma manhã de domingo
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