Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

domingo, 5 de maio de 2024

Relato de parto / Indicação de plano

 

“Bolsa estourada é coisa de filme. E nada de correria na primeira contração. O trabalho de parto do primeiro filho costuma durar mais de 10 horas”

Com essas informações que tanto estudei, em mente, eu olhava incrédula a água escorrer por minhas pernas, sem parar, sujando o chão do corredor da escola.

Funcionários, professores colegas e a diretora aos poucos foram colocando as cabeças pelas portas e olhando pro corredor, onde eu chorava de soluçar de tanta felicidade. Era chegada a hora! A hora mais importante da minha vida. Hora de conhecer minha princesa.

Mandei mensagem pra doula extraoficial (te amo prima Mi) e veio a orientação "hum, bolsa rota, prematura, corre pro hospital! E você já deve ficar por lá"

“Ué, mas bolsa estourada e correria pro hospital não era coisa de filme?!”

Tá bem, minha rainha quer estrear!

Pra ela tudo do bom e do melhor!

Esperamos o papai e fomos pro hospital!

Logo na chegada fomos recepcionados por um casal de funcionários, controladores de acesso, muito bem preparados. Que nos tranquilizaram, mostraram a sala ampla, limpa e iluminada de espera e foram avisar as enfermeiras que uma mãe com bolsa estourada aguardava.

A equipe de enfermagem chamou em seguida e já fez todos os exames iniciais. Sempre com a presença de papai.  Só depois papai se separou um pouquinho de nós pra abrir a ficha na recepção com nossos documentos.

Depois dos exames vitais iniciais, em 10 minutos uma equipe médica de 3 nos avaliava e examinava.

Nos explicou tudo sobre o exame feito, sobre as condições da bolsa e do trabalho de parto e sobre a indução, que seria necessária porque eu havia perdido bastante líquido e estava com pouca dilatação. Mas tudo estava bem. Realmente, eu não voltaria pra casa para aguardar... passaria todas as próximas horas sendo monitorada de pertinho... Ouvindo o coração de Angelina e monitorando contrações e dilatação.

Conversamos sobre plano de parto... já que não tínhamos tido tempo de escrever um...

Então a equipe de enfermeiras nos ajudou a fazer um naquele momento... conversamos e tiramos dúvidas sobre tudo: a preferência pelo parto natural, o medo do picote, do uso de fórceps, pontos mesmo no parto normal, uso de analgesia, que também causava grande medo na mamãe... enfim... tudo! E cada escolha foi registrada na ficha.

Nessa hora minha sogra chegou. Não tínhamos direito a mais de um acompanhante, e o papai já estava conosco, mas o casal de funcionários ali na frente foi muito gentil e abriu a porta para minha sogra acenar de longe. Só que as enfermeiras então permitiram que ela entrasse para um abraço e também para uma rápida oração. Tudo muito emocionante pra mim.

Fomos pra uma sala de luz baixa e azulada, onde monitoramos pela primeira vez o coração da neném, uma enfermeira muito doce conversava comigo e Angelina na barriga e tirava todas as nossas dúvidas. Dessa vez, papai ficou pra fora, porque mais duas mães estavam no monitoramento. Ouvíamos juntas os corações dos nossos bebes e trocávamos comentários exultantes.

Em seguida fomos internados e fomos para a sala de indução, sempre junto como papai.

Lá ganhamos uma enfermeira toda nossa, a Beth, bem pequenina, mas com uma postura de general. Apesar disso, muito doce e atenciosa.

Soube ali que tínhamos disponível uma sala de aromaterapia e cromoterapia. E um banheiro com chuveiro quentinho pra quando a dor apertasse.

Minha colega de quarto e seu marido faziam uso do chuveiro.

Ela já estava gritando bastante, em processo bem mais avançado que o meu e queria muito o parto normal.

Então a nossa querida enfermeira chamou para ela uma doula. Sim! O hospital tinha uma equipe de doulas.

A senhora de avental rosa passou a aplicar diversas técnicas, massagens, exercícios e alongamentos. E fui avisada: quando eu começasse a sentir mais dores, poderia ter uma doula pra mim também.

Fiquei muito surpresa com essa opção do hospital, coisa de primeiro mundo! Fiquei muito feliz com a nossa escolha de plano.

Caminha, caminha, caminha... bebe água... papai caminha com a gente... vai e volta, vai e volta no corredor infinito, mas bem pequenininho....rs.... Mais um comprimido, mais umas caminhadas. Monitoramento do coraçãozinho...

Eita exame safado! Ele deu “erro” 2 x, a enfermeira repetiu e repetiu o exame... e explicou e explicou com carinho que estava tudo bem... mas o tal “erro” deixou a mamãe nervosa e quisemos falar com o médico.

O médico jovial nos perguntou: “eu tô com cara de preocupado?” rsrs... ele explicou mais uma vez, que estava tudo bem e que Angelina não corria risco. Só que o exame era muito sensível e podia perder o batimento do neném de vez em quando, ao mínimo movimento ... no entanto nas repetições do exame, tudo estava ótimo.

Me desculpei com ele e com a enfermeira Beth e seguimos... Mas daí não precisamos do terceiro comprimido. Chegamos em 7 cm! Beth emocionada me dizia: “Estou tocando a cabecinha da Angelina! Vamos pra sala de parto... ela vai chegar!”

Assim que Beth saiu para preparar a sala de parto, a cabecinha encaixou e a neném desceu... senti uma vontade incontrolável de empurrar! E agora sim, a dor chegou! rs

Então, apesar da dor, vivi a cena mais linda naquela maternidade: Apoiada pelo papai, sai da sala de indução e logo vi a porta da sala de parto, em frente da qual, a Paty nos esperava, mãos abertas em minha direção, sorriso de orelha a orelha e olhos verdes brilhantes. As mãos postas me esperavam dar meus passinhos doloridos, como uma mãe incentivando os primeiros passos da sua cria. Eram meus primeiros passos como mamãe mesmo! E eu chegaria radiante a apertar as mãos da Paty.

Enfim, perto da meia noite, chegamos no trabalho expulsivo... foi lindo...foi incrível...foi gentil... foi com amor... foi bem rápido...

Na sala de parto papai foi autorizado a tirar nossas fotos, tinha mais 3 pessoas conosco. Enfermeiras lindas, sorridentes e competentes.

Tudo era feito para que eu ficasse bem e sem susto apesar das dores mais fortes da minha vida. Me trouxeram uma bola para alongamento, que detestei, trouxeram um cavalo para apoiar com a pelve aberta, que não quis nem experimentar, me incentivaram a encontrar a melhor posição... testamos cócoras, deitada de lado e por fim, me ajudaram a ficar como que ajoelhada de costas na maca. A Paty sorria e avisava que a princesinha já estava coroando. Pedi analgésicos e com muita tranquilidade Beth me contou que eles não ajudariam mais em nada.... rs...

Ju segurou minha mão e respeitosamente me explicou " se você fizer força na hora que dá vontade de gritar, transformar o grito em força, você vai ver como será rápido"

Foi mesmo Ju! Três empurrões e ouvi o gritinho mais lindo do universo.

A Paty avisou: “me ajudem a entrega lá por entre as pernas da mamãe porque o cordão é curto” Me entregaram meu pacotinho de amor por debaixo das minhas pernas, entre meus joelhos... dois olhos muito abertos, como estrelinhas, me olhavam... já quietinha...

Peguei minha rainha, me virei na maca e a coloquei no peito. Ela imediatamente agarrou meu dedo e em seguida me disseram... “da mama mamãe”... Eu dei... e ela sugou lindamente...

A equipe limpou um pouco o entorno, o papai veio dar beijos, só então a Paty o convidou para cortar o cordão...

A Paty também fez a arte com nossa placenta... escolhemos as cores laranja e o roxo e, em seguida, ganhamos essa linda e artística lembrança.

Muitos parabéns, mas todos saíram rapidamente e nos deixaram lá... por quase uma hora.. só curtindo aquele corpo a corpo... aquela pele sujinha na pele quentinha da mamãe... papai falava e já era atendido por olhinhos atentos... Foram momentos de privacidade deliciosos... quando a privacidade teve que ser quebrada, um pediatra entrou. Gentil, sereno, nos pediu a neném, fez os exames todos, nos explicando como ela estava bem!

Por fim, nos avisou que chamaria a enfermeira para vestir a neném.

Logo mesmo a doce senhora estava conosco, nos ajudando a vestir a roupa escolhida...

Bem vestidinha, a neném voltou pro nosso colo..

Infelizmente (mais tarde eu retiraria a palavra Infelizmente... e pensaria em “por sorte”) o doutor retornou se desculpando...

“Ela está mesmo ótima, de verdade. Não se preocupem com nada... mas não me atentei ao peso do nascimento... ela está com 2040 g... e ela vai perder peso, o que é normal, nos próximos 3 dias, por isso precisa ir pra neonatal ser monitorada até estabelecer um ganho permanente e atingir 2 kg para vacinação e alta.”

 Ele se desculpou mais uma vez mas explicou com tranquilidade que tanto o pai quanto eu poderíamos ficar com ela o tempo todo, 24 horas. Não precisaríamos sair do lado dela se não quiséssemos.  A mamãe, enquanto internada, só deveria subir pro quarto para as refeições e medicamentos. O papai teria as refeições todas no refeitório.

Na neonatal a equipe era ainda mais incrível, explicaram incessantemente que tudo estava bem e deram a maior força e auxílio para a amamentação exclusiva.

Uma psicóloga foi nos visitar e se colocar à disposição para que passássemos pelos temores e frustrações da internação do nosso tesouro. Ela também faz parte desse paraíso de maternidade onde fomos dar à luz.

Além disso, tia Karina, a fono, nos treinava diariamente, todas as manhãs, para aprendermos a amamentação... tanto eu, quanto Angelina. Mamar não é fácil sabiam?! Apesar de natural, requer paciência, calma, dói... precisa de treino e técnica, de nós duas.

Mesmo assim doía bastante e não passava... por isso a equipe da ordenha entrou em ação...

Nos visitaram na neonatal, conversaram sobre benefícios e problematizações da ordenha, explicaram sobre fórmula e sobre todas as opções da Angelina... Verificaram a saúde dos bicos do seios, me ensinaram a ordenhar, a higienizar, a armazenar o leite. A verificar a pegada. Ensinaram tudo, várias e várias vezes. Me ajudaram a ordenhar para poder ir descansar em casa e deixar leite pra rainha...

As chefes de enfermagem vinham nos tranquilizar a cada mudança de plantão.

A pediatra também.

Depois que recebi alta, as refeições no refeitório ficaram pra mim e papai fazia lanches externos... mas tudo bem, papai e eu nos revezávamos para fazer o contato pele a pele com a nossa neném, que ganhava peso diariamente e rapidamente.

Claro que foi pesado ficar 8 dias com nosso pacotinho de amor internado... mas depois... repensando... Lembram se que eu disse que talvez tenha sido “sorte”? Pois é... durante 8 dias fomos assistidos por enfermeiras, fonoaudióloga, fisioterapeuta, equipe de ordenha, pediatra e psicóloga, 24 horas por dia. Tínhamos 4 refeições a disposição e lugar para tomar banho quente e trocar de roupa. Tínhamos enfim, toda a rede de apoio necessária.

Recomendo esse lugar pra qualquer mãe! É mesmo a melhor e mais humanizada experiência para dar à luz...

O valor dessa experiência?

3 dígitos:

SUS !

Não escrevo de graça, pois não é, é pago por nossos impostos, mas sim, tivemos todo esse luxo por direito adquirido. Gratuitamente pela ocasião apenas de ser contribuinte... apesar de que, mulheres a margem da sociedade, adictas e refugiadas, ou seja, mulheres não contribuintes também tinham acesso a esse lugar. Que maravilhoso! Que grandioso! Que grande prova de que nosso SUS é um tesouro nacional e também tem plenas condições de amparar a todos, contribuintes ou não, porque afinal, digam o que quiserem, nosso país é riquíssimo.... É apenas de uma má distribuição de renda cruel.

Falando em amparar... esse é o nome do lugar: Amparo Maternal, nosso ninho das melhores recordações da vida!

E viva o SUS! neh Angelina!?

E viva essa gente boa e valiosa que é o verdadeiro segredo do SUS.

E VIVA OS 2 PRIMEIROS MESES DA MIMHA RAINHA ANGELINA!

As fotos são do primeiro mês! Mamãe vai atrasar um mês as postagens...rs... ou quem sabe, uma hora dessas,  poste duas ao mesmo tempo. Afinal, tirar fotos de mesversário não é a prioridade por aqui... papai e eu gastamos muito, muito tempo apenas assistindo Angelina crescer....

 

 




 

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