Amigo

Amigo

Se você tem esse endereço eletrônico é porque é mais do que bem vindo

Com certeza você me ensinou a escrever

me ensinou a apreciar a boa literatura, a filosoia e a canção

participou de meus primeiros rabiscos

valorizou minha alma vertida em palavras

certamente você esteve presente em momentos importantes

poéticos ou frustrantes, pacificos ou revolucionários

provavelmente já escreveu comigo ou ao meu lado

já leu alguma coisa minha e me pediu mais

ja me incentivou e ja me corrigiu

você já fez sarau, caretas, fofocas e confidencias comigo

e eu já te amei ou ainda te amo

e você sabe que nossa distancia não é nada

e você sabe que odeio computador

e você sabe que nunca publiquei e que não creio que o acesso a internet me faça poeta

você sabe que não tenho um grande valor literário

mas que valorizo a literatura

você sabe que um dia gostei que você me leu

e que quero ler você

você sabe que escrevo por necessidade, porque faz parte de mim

e que me envergonho de ter me distanciado tanto disso

você sabe que não tenho estilo

só paixão

Você sabe que você cabe em cada uma das palavras anteriores

Prazer em recebê-lo.

domingo, 3 de abril de 2016

SELVA DE PEDRA

Selva de pedra
Clichê dos clichês
 Mas verdade absoluta em meu corpo petrificando aos poucos
Acordo pássaro em revoada, com sede de mergulhos desafiadores,
Corto tempestades com asas de colibri
Resfrio, empalideço, umedeço...cai
Viro felino, onça pintada nada camuflada pisando no cinza duro do asfalto
Do buraco sem calçada
Galopando entre pontos e contrapontos de transportes públicos urbanos
Cada catraca uma lavada no bolso
Quase quatro contos a menos pra refeição
Ida e volta
Abro picada com as mãos quebradas que não tem mais tempo de brandir a caneta
Picada no petróleo ressequido da pavimentação
Ensardinho, colado a outros corpos suados, desumanos, não animais, não plantas, quase grafites apagados da paisagem urbana
No meio do dia, sol a pino, sou felino,
Caçadora, afiadas garras e presas contra meus superiores na cadeia econômica alimentar desvantajosa
Quero caçar, mas antes tenho que correr
Me proteger
Estar na metrópole todo o dia, no trafego, nos zunidos estridentes das sirenes
É opressor
Mas volto pro esconderijo vitoriosa se viva
Embora viva não seja exatamente vitória
Leoa sem bando, perdida, sem pouso
Mas viva
Sangrando, mancando, faminta
Mas viva
Oprimida e opressora ... mas viva.
E estar viva é o mais gosto que posso ter ao me deitar
Durmo com gosto de sangue na boca
E amanhã é novo dia de caçar e fugir
Espremer, gritar, maldizer, ser pisada e roubada

E ainda assim.... é instigante e prazeroso como o limiar da morte deve ser.

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